Uma coisa de cada vez

Num processo como o nosso, é preciso calma, persistência e paciência. No momento, avançamos rumo ao fim do espetáculo. Isso não quer dizer ficar pronto, de jeito nenhum. Fragmentado, confuso, cheio de nuances e personagens complexos, Atrás dos olhos das meninas sérias requer atenção redobrada. Para tanto, penso que enquanto não chegarmos ao fim do rascunho, não conseguiremos acertar os esboços, aprofundar. Também não digo que isso não está sendo feito agora, talvez não ainda da maneira que o trabalho necessite. Vamos lá: uma coisa de cada vez. O que mais tem me provocado artisticamente é, depois de rascunhar até o fim, retornar ao início e refazer, refazer, refazer, questionar, aprofundar, amadurecer. Isso só é possível depois que há onde e o que refazer, questionar, aprofundar, amadurecer. Senão, ficaremos dando voltas e voltas em torno de nós mesmos, quase uma cobra comendo o próprio rabo (como diz a Ana). Por outro lado, é bom saber que não está pronto (e que nunca vai estar, dada à natureza da arte teatral que pode ser refeita sempre), é bom saber que o nosso olhar vai se ampliando, que vamos descobrindo juntos coisas maravilhosas, e que em breve colocaremos o espetáculo à prova do público: nossa maior razão de trabalhar com Teatro.

JUAREZ DIAS